Em memória de Giordani Rodrigues
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Linux, Unix, BSD
Sábado - 17 de Janeiro de 2004 às 02:41
Por: OvErSeCuRiTy

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Para o fundador do Linux e herói cult, Linus Torvalds, este ano o sistema de código-fonte aberto finalmente quebrará a lucrativa barreira do comércio de computadores pessoais, já que cada vez mais empresas de software equipam e investem no sistema operacional.Em entrevista ao Computerworld (EUA), Torvalds destaca outro ponto positivo: cada vez mais desenvolvedores de kernel melhoram a integração do sistema com a interface gráfica.


Computerworld (CW): Como você avalia o crescimento do Linux nos desktops?
Linus Torvalds (LT): O último ano foi bom, mas vejo muito mais barulho este ano. O mercado de servidores é mais fácil de ser conquistado com qualquer sistema operacional, pois ele pode ser aplicado em tarefas específicas como servidor de e-mails.

Agora o kernel e outras partes do sistema estão sendo vendidos conjuntamente, incluindo aplicações Office, jogos e navegadores de internet. Isso tornou o Linux desktop mais interessante para comerciantes. Eles tendem a escolher um desktop, como KDE ou GNOME, e nele permanecer. Houve muita confusão e rivalidade esse ano, o que ajudou no desenvolvimento do desktop.

Eu não acho que a interface X (interface gráfica para Linux) seja descartada, isso seria estupidez, já que ela tem uma poderosa infra-estrutura. É possível que a X seja a interface para um sistema gráfico de nível mais baixo, baseado no OpenGL. O Linux desktop deverá ter o 3D como base e a X como interface para 2D.

O fato de que a interface X e o kernel tenham sido desenvolvidos separadamente é bom. Cada um poderia se desenvolver separadamente, mas a DRI (Infra-estrutura de Renderização Direta) fez com que eles não fossem independentes.

Como um desenvolvedor, tendo os dois separados é bom, porque algumas pessoas são melhores desenvolvendo cada um especificamente.


CW: Algum plano para 2004?
LT: Eu nunca fiz muitos planos para a direção do Linux, pois reajo de acordo com a pressão externa. Esse ano haverá muitos usuários de desktop, o que causará impacto nos programadores de kernel.

Por enquanto estarei trabalhando com a estabilização do kernel 2.6 e em um mês ou dois espero que o Fedora (o núcleo do Red Hat Linux) seja lançado com o kernel 2.6, então espero receber mais notas sobre bugs.



CW: A adoção de hardware e software integrados seria boa para o Linux?
LT: Existem desvantagens puramente técnicas de se adotar um sistema operacional que suporta uma grande variedade de hardwares. Essa variedade se torna desafiadora, já que o Linux necessita de milhares de drivers.

Mas ter um sistema operacional que seja independente do hardware é bom para o usuário, já que ele é basicamente o mesmo em grandes e pequenas máquinas. Uma outra grande vantagem para uma vasta base de hardware é um sistema operacional mais flexível. É por isso que o Linux está causando muito impacto no mercado de embutidos.

Um sistema operacional é uma fera complexa, então é bom contar com um sistema já existente que possa ser adaptado ao hardware. Existem alguns pequenos problemas com o suporte de drivers Linux por empresas de hardware, e o ramo de wireless é um deles. Com o hardware ficando cada vez melhor, esse problema está sendo resolvido.



CW: E quanto ao Linux no meio empresarial?
LT: A direção que o Linux tomará no meio empresarial vai depender de quanto as empresas investirem nele. Esse é o fator que vai fazer o Linux avançar.

A IBM é a mais notória, e apesar de ser impressionante rodar Linux em hardwares avançados, a maioria dos programadores que trabalham no Linux não tem acesso a eles. É o desktop que recebe mais atenção deles.


CW: E quanto às empresas que vendem software de código aberto?
LT: Geralmente não há problema, porque eu quero que as pessoas mandem códigos de volta. Se fabricantes de hardware não mandam seus códigos de volta, então aí há um problema. E quase sempre eles não precisam modificar o kernel.


CW: Como você vê a relação entre software livre e software pago?
LT: O software não está se tornando livre, mas sim um commodity. A partir do momento que você tem commodities, as coisas com que você pode fazer dinheiro são os serviços e o hardware que estão junto do software. Por exemplo, com um monte de telefones celulares por aí, o software não é o que dá valor ao produto.

No desktop, é difícil dizer como será o mercado de aplicações comerciais, porque na realidade ele ainda não decolou. No mercado de servidores já existem companhias, como a Oracle, que não têm problema nenhum em vender aplicações comerciais.

O código aberto é bom para softwares gerais, como o kernel e ferramentas de desenvolvimento, e o software comercial é indicado para aplicativos dedicados à alguma função específica.

Por exemplo, o MySQL está se saindo bem em serviços gerais no mercado de servidores de Internet, enquanto a Oracle se destaca em bancos de dados comerciais especializados.


CW: Como tem sido o trabalho nos OSDL (Open Source Development Labs - Laboratórios de Desenvolvimento de Código Aberto, em inglês)?
LT: Trabalhar nos OSDL tem sido bom e apesar de serem baseados em Portland, Oregon, trabalho de casa em San Jose. Um grande número de vendedores que compõem os OSDL quer vender hardware e serviços de suporte, então não vejo nenhum problema com o desenvolvimento conjunto de Linux entre eles.

[ Rodney Gedda - Computer World Today/Austrália ]

Fonte: IDG Now!




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