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Hackers são tema de exposição em museu
Quase todo mundo pode e deveria ser um hacker, de acordo com os curadores de uma nova exibição sobre a fina arte de hackear em cartaz no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia em Madri, Espanha.Ao lado da coleção de obras-primas do museu, que inclui mestres como Picasso e Dali, a mostra Hackers: A Arte da Abstração explora as conexões entre hackers, artistas e qualquer pessoa engajada em atividades criativas, uma idéia que os curadores dizem ter sido inspirada pelo Manifesto Hacker de McKenzie Wark. "Eu realmente gosto muito da idéia, apresentada por Wark, de que qualquer pessoa que crie alguma coisa - programadores, artistas, músicos, escritores, engenheiros, químicos e assim por diante - é um hacker, não importa o quão culturalmente diversos sejam os seus interesses", disse Berta Sichel, diretora do departamento audiovisual do museu.
"Acredito que os hackers sejam os maiores aventureiros culturais de nosso tempo. No entanto, a cultura popular normalmente os vê com uma conotação negativa", acrescenta Sichel. "Com essa mostra, pretendemos combater essa má fama e conscientizar as pessoas de que, nesses tempos em que a vigilância sobre nossas vidas é cada vez maior, a atividade hacker pode ser um importante recurso de auto-defesa".
A parte central da exibição, que abre hoje para o público, é composta por documentários feitos por diretores independentes e hackers do mundo todo, incluindo Freedom Downtime, de Emmanuel Goldstein; Free Radio, de Kevin Kayser; The Hacktivist, de Ian Walker; Unauthorized Access, de Annaliza Savage; New York City Hackers, de Stig-Lennart Serensen, e Hippies from Hell, de Inne Pope.
Nenhum desses filmes jamais foi exibido antes em museus ou galerias, de acordo com Jenny Marketou, que, junto com Sichel, é curadora do evento. "Sempre fui fascinada pelo mundo invisível dos hackers e a noção de hackear para compreender o funcionamento do mundo, reconstruindo-o de forma pessoal e criativa", explicou Marketou, contando que a idéia de fazer a exposição surgiu há dois anos, quando ela participou da conferência hacker H2K2 em Nova York.
"Na H2K2, pude assistir a uma série de filmes feitos por ativistas hackers revelando algumas realidades dessa cultura que contradiziam a forma como Hollywood os retratava", disse. "Especialmente depois dos ataques de 11 de setembro, a reação oficial a qualquer tipo de hacking tem sido classificá-lo indiscriminadamente como ciberterrorismo, afastando a atenção de suas implicações sociais. Acredito que seja necessário usar a popular linguagem do cinema para levar à arena pública as complexas questões sociais e políticas que circundam a atividade hacker na área de segurança de informações".
Marketou e Sichel ficaram surpresas com a dificuldade em convencer os hackers a terem seus filmes exibidos num museu. "A dificuldade em ter acesso a alguns dos filmes ou mesmo entrar em contato com seus autores foi notável", disse Marketou. "Parece-me que a maioria dos hackers é bastante cética com relação a ter seu trabalho exposto num contexto artístico, e também está determinada a permanecer anônima. Passamos muito tempo procurando a Web e enviando e-mails até conseguir as informações necessárias para encontrarmos uma voz humana. Às vezes, simplesmente não conseguimos fazer contato. Foi como trabalhar dentro de uma caixa escura".
Alguns hackers acreditam que, se um trabalho não envolve, de certa forma, a programação de computadores, não pertence ao mundo dos hackers. Outros, porém, dizem que hackear é algo não restrito a bits. "Escrever código é um ato de criação, assim como criar uma casa ou compor um poema", diz o pesquisador de segurança eletrônica Robert Ferrell. "Se você segue uma planta para construir uma casa, é um construtor. Se segue modelos de codificação prontos para escrever um software, é um programador. Mas se você ajusta e altera cada componente para atender a uma necessidade de engenharia em cada uma dessas áreas, está hackeando. Hackear não é uma atividade restrita à informática, assim como a improvisação não é uma exclusividade da música".
A exibição de cinema será acompanhada por uma série de debates abertos, liderados por Paul Taylor, autor do livro Hackers: Crime in the Digital Sublime, e Lorenza Pignatti, de System Error: Tactics of Adbusters, entre outros.
Marketou espera que os filmes desencadeiem discussões sobre a distinção entre criminalidade e desobediência civil eletrônica, especialmente no que diz respeito às questões de propriedade e direito autoral. "Não existem gênios isolados. A cultura é feita por pessoas que trocam informação e reelaboram aquilo que já foi feito no passado. Sempre foi assim", afirma. "A cultura é um grande e infinito plágio em que ninguém realmente inventa nada. As pessoas apenas reelaboram, e isso acontece coletivamente. Ninguém cria nada sozinho".
Sichel e Marketou esperam que a exibição ajude as pessoas a conhecer o verdadeiro mundo dos hackers, prosseguindo para questionar a visão dos meios de comunicação a respeito deles. "Talvez isso desperte o hacker que há dentro de cada uma delas", disse Marketou.
A mostra Hackers: A Arte da Abstração ficará aberta até o dia 28 de março no Museo Nacional Centro de Arte Reina
Fonte: Wired News
"Acredito que os hackers sejam os maiores aventureiros culturais de nosso tempo. No entanto, a cultura popular normalmente os vê com uma conotação negativa", acrescenta Sichel. "Com essa mostra, pretendemos combater essa má fama e conscientizar as pessoas de que, nesses tempos em que a vigilância sobre nossas vidas é cada vez maior, a atividade hacker pode ser um importante recurso de auto-defesa".
A parte central da exibição, que abre hoje para o público, é composta por documentários feitos por diretores independentes e hackers do mundo todo, incluindo Freedom Downtime, de Emmanuel Goldstein; Free Radio, de Kevin Kayser; The Hacktivist, de Ian Walker; Unauthorized Access, de Annaliza Savage; New York City Hackers, de Stig-Lennart Serensen, e Hippies from Hell, de Inne Pope.
Nenhum desses filmes jamais foi exibido antes em museus ou galerias, de acordo com Jenny Marketou, que, junto com Sichel, é curadora do evento. "Sempre fui fascinada pelo mundo invisível dos hackers e a noção de hackear para compreender o funcionamento do mundo, reconstruindo-o de forma pessoal e criativa", explicou Marketou, contando que a idéia de fazer a exposição surgiu há dois anos, quando ela participou da conferência hacker H2K2 em Nova York.
"Na H2K2, pude assistir a uma série de filmes feitos por ativistas hackers revelando algumas realidades dessa cultura que contradiziam a forma como Hollywood os retratava", disse. "Especialmente depois dos ataques de 11 de setembro, a reação oficial a qualquer tipo de hacking tem sido classificá-lo indiscriminadamente como ciberterrorismo, afastando a atenção de suas implicações sociais. Acredito que seja necessário usar a popular linguagem do cinema para levar à arena pública as complexas questões sociais e políticas que circundam a atividade hacker na área de segurança de informações".
Marketou e Sichel ficaram surpresas com a dificuldade em convencer os hackers a terem seus filmes exibidos num museu. "A dificuldade em ter acesso a alguns dos filmes ou mesmo entrar em contato com seus autores foi notável", disse Marketou. "Parece-me que a maioria dos hackers é bastante cética com relação a ter seu trabalho exposto num contexto artístico, e também está determinada a permanecer anônima. Passamos muito tempo procurando a Web e enviando e-mails até conseguir as informações necessárias para encontrarmos uma voz humana. Às vezes, simplesmente não conseguimos fazer contato. Foi como trabalhar dentro de uma caixa escura".
Alguns hackers acreditam que, se um trabalho não envolve, de certa forma, a programação de computadores, não pertence ao mundo dos hackers. Outros, porém, dizem que hackear é algo não restrito a bits. "Escrever código é um ato de criação, assim como criar uma casa ou compor um poema", diz o pesquisador de segurança eletrônica Robert Ferrell. "Se você segue uma planta para construir uma casa, é um construtor. Se segue modelos de codificação prontos para escrever um software, é um programador. Mas se você ajusta e altera cada componente para atender a uma necessidade de engenharia em cada uma dessas áreas, está hackeando. Hackear não é uma atividade restrita à informática, assim como a improvisação não é uma exclusividade da música".
A exibição de cinema será acompanhada por uma série de debates abertos, liderados por Paul Taylor, autor do livro Hackers: Crime in the Digital Sublime, e Lorenza Pignatti, de System Error: Tactics of Adbusters, entre outros.
Marketou espera que os filmes desencadeiem discussões sobre a distinção entre criminalidade e desobediência civil eletrônica, especialmente no que diz respeito às questões de propriedade e direito autoral. "Não existem gênios isolados. A cultura é feita por pessoas que trocam informação e reelaboram aquilo que já foi feito no passado. Sempre foi assim", afirma. "A cultura é um grande e infinito plágio em que ninguém realmente inventa nada. As pessoas apenas reelaboram, e isso acontece coletivamente. Ninguém cria nada sozinho".
Sichel e Marketou esperam que a exibição ajude as pessoas a conhecer o verdadeiro mundo dos hackers, prosseguindo para questionar a visão dos meios de comunicação a respeito deles. "Talvez isso desperte o hacker que há dentro de cada uma delas", disse Marketou.
A mostra Hackers: A Arte da Abstração ficará aberta até o dia 28 de março no Museo Nacional Centro de Arte Reina
Fonte: Wired News
URL Fonte: https://infoguerra.com.br/noticia/561/visualizar/
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